sábado, 19 de março de 2011

Metáfora da Professora Envelhecida




Um médico saiu a caminhar e viu essa senhora idosa da foto sentada no banco de uma praça fumando um cigarrinho.
Aproximou-se e perguntou: - nota-se que está bem, qual é seu segredo?
Ela então respondeu: - sou PROFESSORA, durmo às 4h da manhã revisando provas, planejamento das aulas e me levanto às 6h. Nos fins de semana não pratico esportes, não me divirto. Trabalho fazendo pesquisas, corrigindo trabalhos, especificando materiais, revisando planejamentos, imprimindo material, buscando sites de materiais e estratégias diferentes e criativas numa tentativa desesperada de motivar meus alunos e isso todo final de semana, sábados, domingos e feriados também. Não tomo café da manhã, não almoço e nem janto porque não dá tempo.
O médico exclamou: -
mas isso é extraordinário! A senhora tem quantos anos?
A professora respondeu: - 33 anos...

Se olharmos na perspectiva marxciana podemos dizer que ser professor é um "mau encontro". Os salários são aviltantes em várias partes do Brasil, baixos em outras. Um bom exemplo é a grave dos professores em São Paulo, estado em que o governo Serra demonstra querer que os professores tenham esse tipo de longevidade da metáfora, mas se olharmos o cotidiano de uma unidade de ensino, por exemplo, veremos professores que conseguem, sem deixar de fazer a greve, de reconhecer o descaso, sem escamotear as condições materiais de vida, superar realizando nesses espaçotempo um almoço onde cada um leva um pouco de comida para momentos de alegria e de comunhão, promovem um consórcio entre amigos, encontram uma massagista no bairro para um relaxamento na hora do almoço, dividem o carro para deslocamento, ressignificam os espaços, dão suporte uns aos outros para superarem o cansaço. Se olhamos para a professora de 33 anos "do Arlindo" (do Arlindo é ótima - o colega cheio de vida e alegria que enviou o e-mail com a metáfora) - pensando nas políticas públicas do nosso país a professora "do Arlindo" será uma sofredora, e pior ainda, uma "triste" sua força será baixa. O pensamento fica ao sabor dos encontros aleatórios produzindo maus encontros, porém se pensarmos que a "metáfora do envelhecimento" é algo externo que produz péssimos encontros e poderá produzir paixões oscilatórias que minam a nossa potência, e que é necessário encontrar caminhos para que os encontros sejam "bons encontros". Isto é, o pensamento, vamos dizer, organizador irá ao encontro de corpos que aumentem a potencia da vida, que sejam bons. Na luta por melhores salários e políticas públicas poderei encontrar amigos ressignificando espaçostempo como nas redes abaixo, poderei compreender a importância da paciência histórica freiriana (o que supera a metáfora do envelhecimento que é a morte, o mau encontro), paciência tal que produz alegria (o bom encontro), que não consome mossas energias, que corta a possibilidade do externo que produz o "envelhecimento" (a tristeza - que é uma merda, pois não há valor nela) não ter efeito sobre a minha alegria que potencializa a vida. O meu encontro com a professora "do Arlindo" quase me levou ao "mau encontro", parei e olhei com cuidado, para não ter por ela a pena e a caridade dos fracos, pois tal olhar é um engodo que tira a potencia de viver e lutar.

Redes tecidas, espaços ressignificados


Fonte: http://edmacieljr.blogspot.com/search/label/Educa%C3%A7%C3%A3o%20-%20Spinoza%20-%20professor

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